A pessoa sabe que está sozinha no mundo quando levanta da cama e faz a própria gemada. Porque, convenhamos, gemada é coisa de mãe, todo mundo que tem mãe sabe disso. No máximo, a avó tem o direito de fazer quando a mãe esta ausente, temporaria ou permanentemente. Tia não faz gemada, marido deus me livre, vizinho ave maria. Sem condições.
Veja bem, você leitor já sabe que eu não acredito em nada. Eu não acredito nem na primavera, e ela vem todo ano e me pega no susto. Como é que eu ia acreditar em gemada? O que é que tem naquele copo fumegante de gema de ovo (argh!), mel e leiteh quenteh (claro, porque todo mundo devia falar leite quente como os paranaenses falam, acho lindo) que vai tirar você do perrengue em que está? Nada, meu filho, é tudo folclore.
O que livra a gente de morrer de uma dor de garganta infernal, acompanhada de febre e entupimento geral das vias respiratórias é o carinho de mãe. Vai dizer que você não sabia disso? O barulhinho do garfo batendo na caneca, o cheirinho do leiteh quenteh derramado no fogão, os passinhos dela se aproximando do quarto e, finalmente, aquela mão quentinha que segura a sua cabeça moribunda e te faz tomar tudinho. Isso é que cura! Que gemada o quê?
Então, quando voce estiver lá na casa da…. onde filho chora e mãe não ouve, não se apresse em fazer a sua própria gemada. Não vai adiantar nada. A não ser que ela te ligue três vezes no dia, a mãe, e te encha o saco pra fazer a merda da gemada, até o ponto que voce perde a paciência e vai, no telefone mesmo, fazendo a gemada pra que ela ouça o tilintar do garfo na caneca. Daí que ela te manda pra cama já, faz questão de saber se você está usando um cobertor grosso (porra, 68ºF lá fora) e te faz tomar tudinho, sem desligar o telefone.
Enquanto você engole aquela vitamina de colesterol, ela te diz gracinhas ao telefone, feito se você tivesse cinco anos de idade outra vez, e você chega muito perto de acreditar que vai ficar bom. Só falta a puxadinha no cobertor e o beijinho na testa. Amanhã eu estarei melhor.
E foi assim que eu fiz minha gemada ontem à noite, e tomei tudinho, com barulhinho no final pra ela ouvir do outro lado.
Boa noite, mãe.
abril 23, 2009 at 10:52 am
Gemada fumegante??? Oxeeeeee!!!! A gemada da minha infancia era fria. Gema de ovo batida com açucar e, quem queria, colocava cafè e nescau. Diliça. E quem fazia nao era minha mae, mas tia Licinha. E nao era pra curar gripe, era sò porque è gostosa hehe.
Meu amor de mae era chà de canela com crackers (de preferencia quentinhos com manteiga derretida). Sempre que eu sinto o cheiro de cha de canela eu penso em mamis.
Mas a cura pra todos os maus era cha de limao com alho e mel. Desse eu nao posso nem ouvir falar, trauma de infancia. Tinha de tomar todo, de “guti-guti”. Ui.
A coisa mais injusta e errada do mundo è a gente adoecer sem ter a propria mae do lado. Doente voce nao pensa “oh, quero meu maridinho aqui pertinho”. Nao, voce pensa: “eu quero a minha maeeee”.
Melhoras, honey!!!!
Beijossssss
abril 26, 2009 at 6:26 pm
Amor de mãe eu conheço e tomo em demasia, mas gemada…não consigo! Eu só imagino o gosto e simplesmente não dá. E gemada quente? Aqui em casa sempre foi fria. O que meu pai cisma que a gente tem que tomar quando está gripado é leite quentíssimo com manteiga (!) e canela. Eu nem cogito, coisa de doido. No máximo, chá ou leite quente PURO!
abril 27, 2009 at 7:32 am
Eca, eu nao sei de onde vem essa gemada fria. Todo mundo na minha familia e arredores toma quente. Por isso que voce nao gosta, Lys. O leite quente cozinha a gema e nao fica sabor de ovo nenhum.
abril 27, 2009 at 9:39 pm
Adorei o texto!!!
Como ñ fui muito fã de gemada, ñ existe nostalgia, e acho que a minha mãe ñ fazia com leite quente. rsrs
A saudade constante é do carinho de mãe…Com esse pequeno momento…Deu vontade de colo!
Rápidas melhoras para voçê!
maio 4, 2009 at 4:20 pm
Gostei do texto e do blog!
Sejam gemadas, chás, biscoitos, enfim… O que importa na minha opinião é ter algo que lembre do calor do colo materno, do amor incondiconal que nos protegia de todo mal com um simples abraço de cobrir nossos rostinhos de criança.
Elas sempre vão estar lá, com suas gemadas. 🙂
maio 26, 2009 at 7:01 pm
Odeio gemada. Com leite quente e canela, era a receita lá em casa. Doce demais pro meu gosto e coisa crua me dá coiso…hohoho. Mas amor de mãe, esse não me canso. Melhor carinho do mundo.